Tudo ficou bem pior depois que a família resolveu arranjar um gato.
O local que já era quente e úmido ficou um pouco mais abafado e claustrofóbico depois disso.
"Não podemos deixar as janelas abertas, o gato foge" – é o que diziam.
Sim, é da natureza dos gatos fugir. E não há porque segurar. Todo gato vagabundo volta quando dá fome.
O calor entrava pela casa e lá ficava. A umidade corroía as paredes, deixando marcas de mofo e bolor.
Havia alguns fumantes na casa, o que tornava o ambiente um pouco mais pesado, já que a fumaça ficava impregnada no teto, não tendo para onde ir.
Chorava debaixo do chuveiro. Sem acreditar que um dia pudesse sair dali.
Juntava muitas moedinhas dentro de uma lata de achocolatado fazendo até o impossível para que um dia as coisas dessem certo.
Um dia as coisas deram certo, ainda que tenha levado muito tempo até então.
E nesse dia foi embora para nunca mais voltar.
Um tempo depois ficou sabendo que o gato havia fugido.
E no dia seguinte avisaram, a família havia morrido durante o sono. Causas desconhecidas.
Recebeu o laudo médico. Parada respiratória fulminante.
Fim trágico.
Chorou pelo inevitável, mas já havia desistido há algum tempo.
Agora, sem gato e sem família poderia abrir as janelas.
Mas já era tarde. Estava longe.
Como tantas outras coisas, não fazia mais diferença alguma.
Marcadores
- Cartas (1)
- Crônicas (6)
- Experimentos (2)
- Histórias (2)
- Não literários (1)
- Sentimentos (2)
- Textos do meu diário (1)
domingo, 20 de março de 2011
Caverna
Meu coração é feito de pedra, entre cada pedra há algumas fendas e entre as fendas crescem pequenas plantinhas verdes. Filhas da úmidade, filhas de um coração que de tanto contrair solta pequenas lágrimas com dificuldade.
No fundo há um baú. E neste baú guardo algumas mágoas. Com o tempo, tornam-se esquecidas.
Tem dias em que o velho baú abre-se sozinho e essas mágoas saem e permeiam todo o coração, deixando marcas de bolor pelo teto.
Nos outros dias, eu coloco uma toalha bonita em cima do baú, embaixo de um lindo vasinho de flores.
E desejo acreditar que tudo ficará bem.
No fundo há um baú. E neste baú guardo algumas mágoas. Com o tempo, tornam-se esquecidas.
Tem dias em que o velho baú abre-se sozinho e essas mágoas saem e permeiam todo o coração, deixando marcas de bolor pelo teto.
Nos outros dias, eu coloco uma toalha bonita em cima do baú, embaixo de um lindo vasinho de flores.
E desejo acreditar que tudo ficará bem.
Me faltam novidades.
Tirando o velho você dá espaço para o novo entrar.
É, mas as vezes é muito difícil tirar o velho. Porque há o apego.
Há o tempo o qual as coisas estiveram guardadas aqui.
Guardei tudo isso por tanto tempo, que é quase muito estranho retirar-las daqui.
Mas hoje, assumi para mim mesma, chamei todas aquelas coisas velhas que não me acrescentavam nada e só me causavam desconforto, chamei todas aquelas coisas de lixo. E separei em sacos e tirei tudo daqui.
E agora estou mais leve. Agora eu vou assistir um filme, agora eu vou andar.
Agora o novo poderá entrar porque eu tirei o velho.
No entanto, sei que as vezes o velho não sai de jeito nenhum.
Mas tudo bem, se o velho não sair tudo bem. O novo entra pela fresta.
E é pela fresta que entra a luz.
É, mas as vezes é muito difícil tirar o velho. Porque há o apego.
Há o tempo o qual as coisas estiveram guardadas aqui.
Guardei tudo isso por tanto tempo, que é quase muito estranho retirar-las daqui.
Mas hoje, assumi para mim mesma, chamei todas aquelas coisas velhas que não me acrescentavam nada e só me causavam desconforto, chamei todas aquelas coisas de lixo. E separei em sacos e tirei tudo daqui.
E agora estou mais leve. Agora eu vou assistir um filme, agora eu vou andar.
Agora o novo poderá entrar porque eu tirei o velho.
No entanto, sei que as vezes o velho não sai de jeito nenhum.
Mas tudo bem, se o velho não sair tudo bem. O novo entra pela fresta.
E é pela fresta que entra a luz.
Assinar:
Postagens (Atom)