quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cotidiano

Sozinha como em todas as manhãs, pediu seu yakissoba individual que não tardou a chegar.
Acostumou-se a fazer suas refeições sozinha ainda que detestasse esta parte da solidão. Da sala, escutava Jim cantando. L.A. Woman. Ele e seus amigos mortos sempre cantavam para ela.
Seu biscoito da sorte viera com duas sortes, divertiu-se pensando se tudo estaria tão podre para ser necessário duas sortes. Depois chegou a conclusão que sim, está tudo podre. E várias sortes se fazem necessárias.
Abriu uma lata de cerveja e dançou sozinha o Roadhouse Blues. Outras latas de cerveja foram abertas depois.
Esquecer era sua proposta de passatempo pr'aquela tarde vazia.

Casinha

Vem, vem aqui. Agora eu sei passar um café.
E o bolo de caixinha que eu aprendi a fazer, foi a minha revolução.
Tem uma toalha xadrez e tem música, tem filme, tem livros.
Tem gato e tem comidinha. No meu coração cabe tudo, tudo nesta casinha.
Pode vir, vem que também tem poesia.

terça-feira, 24 de abril de 2012

As jiboias engolem sem mastigar a presa inteira.

I

Pior do que eu poderia ter imaginado. Chegaram em bandos como animais, como urubus atrás de carniça fresca.
Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, a vi. Soterrada em meio a multidão. Ela estava lá, tão pequena e tão grande. Sempre de cabeça erguida, como me ensinara dias atrás.


II
Há algum tempo eu poderia ter chorado. Já fui mais fraca, mais frágil, mais sensível.
Vai ver que foi o tempo que me deixou assim: Dura. Dura de corpo duro, coração duro e pulsos duros. Essas cicatrizes e novos hematomas que insistem em aparecer não me deixam mentir. Eu não nasci assim. Este peso que eu uso para permanecer sentada nesta carteira é fruto do tempo. E da minha educação.

(Textos escritos em meu diário durante o sarau dos ditadores)


sábado, 21 de abril de 2012

O dia em que eu me apaixonei pelo Bob Dylan

Ela tinha 16 anos. Era um dia como todos os outros. Acordou de mau humor, desceu para a cozinha, tomou um cappuccino na sua caneca preferida, foi até o banheiro, fez xixi e escovou os dentes, voltou para o quarto, vestiu o uniforme da escola todo surrado e jogou o material escolar na mochila.
Foi torcendo pra morrer no percurso do quarto até o carro, mas não deu certo. Entrou no carro e do banco de trás pediu ao pai para que sintonizasse o rádio na rádiorock.
Começou a tocar uma canção que havia tocado na mesma hora, mesmo lugar no dia anterior. Achou que não conhecia a música ou não lembrava de conhecer. Pela sonoridade e pela voz, presumiu que fosse do Bob Dylan, mesmo sem conhecer muito bem o cara.
Sabe, quando você escuta uma canção e se apaixona na mesma hora? É isso. Agora chamaria isso de formação discursiva, mas naquele dia não encontrou explicação.
Entorpecida, batendo a cabeça no banco do carro de casa até a escola. O mundo passava a ser seu quando escutava alguma canção que a fascinava.
Não desceu do carro até o locutor falar de quem era aquela canção. Era do Bob Dylan mesmo.
E ele era fantástico. Meu Deus do céu, que violão, que gaita, que voz, que pagada.
A canção como descobriu após vasculhar a discografia dele chama-se "The Hurricane".
E permaneceu em sua cabeça, junto com a voz de Bob Dylan o dia todo.
Será que amanhã ele virá novamente? – ela pensava.
Já ouvi dizer que quando passamos muito tempo pensando na mesma pessoa e ficamos esperando pra encontrá-la todos os dias, é porque estamos apaixonados.

(Este texto eu escrevi no dia 14 de fevereiro de 2007. Revisei e passei a narração para terceira pessoa. Este episódio aconteceu de verdade. Neste mesmo ano Bob Dylan fez um show no Brasil que eu não puder ir porque eu estava ensaiando a peça "Primavera". Amanhã Bob Dylan fará uma apresentação em São Paulo e eu estarei lá.)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Minicontos

I

Você me encontrará jogada na sarjeta com um maço de cigarros amassados em meu bolso traseiro e uma garrafa de pinga barata em mãos.
Dessa vez nem os cachorros de rua lamberão as minhas feridas, eu estarei toda imunda com as roupas rasgadas e as unhas por fazer.
Meu tênis desamarrado e o meu cabelo ensebado deixarão claro que eu desisti.
Eu desisti de tudo, de mim e de você.
Eu desisti da vida.
Agora eu larguei os cavalos e aposto apenas em meus delírios.

II

Não. Não vá embora por favor. Fica, fica, eu preparo o teu jantar.
Eu te dou um banho quente, eu ponho a mesa, eu faço o café. Eu te empresto o meu cobertor.
Eu....eu te dou aquele meu disco que você gostava tanto, sim, aquele que escutamos em nosso primeiro encontro, sabe?
Eu lembro de quando você chegou. Você me ofereceu um cigarro e eu aceitei fazer parte da sua vida, pra sempre.
Por favor, fica. Está chovendo, você vai se molhar e ficar doente. Não quero que você fique doente. Minhas aspirinas acabaram na semana passada.
Não vá, te peço.

III

Depois daquele dia as coisas nunca mais foram as mesmas. Estariam agora condicionados a fazer as refeições em silêncio escutando apenas o chiado vindo da televisão.
Você está errado, cara - ela disse - você está sempre errado.
Jamais assumiriam para si mesmos mas havia o cachorro. O cachorro o qual nenhum dos dois estava disposto a abrir mão.

Vou falar.

Adoro essa parte de quebrar a quarta parede e conversar com o público, olhar no olho e falar - Oi, que bom que está aqui.
Isso eu trago do teatro embora caiba em todas as outras coisas da vida também, o diálogo - amo isso.
E por falar em diálogo, gostaria de aproveitar este post para agradecer muito as visitas que tenho recebido aqui.
Na verdade eu escrevo mais para mim do que para o outro, no entanto, o outro é sempre importante, muito importante.
Como eu mencionei ali embaixo estou tentando organizar este espaço, bom, aceito sugestões sobre como dividi-lo.
Confesso que ainda com as aulas no curso de letras sinto dificuldades para dividi-los em gêneros.
Outras sugestões também são bem-vindas, críticas também. Caso vocês percebam falhas e erros de escritas, me avisem por favor.
Ah, tem um link para comentários embaixo dos textos é só clicar e comentar, o espaço é aberto.

Beijos no coração.

O espetáculo do meu coração.

Eu não estou aberta para negociações. Aqui dentro está sendo montado o espetáculo do meu coração e eu não vou trocar o protagonista. Não vou, por mais complicado, mais louco, mais insano, mais insólito que seja, não vou. Não se fazem mais artistas assim, em lugar nenhum. E eu demorei pra conseguir selecionar, foi um rigoroso teste de seleção e ele passou em todas as milhares de fases com boas notas. E hoje a nota de corte já está muito alta, ninguém é capaz de alcançá-lo. Até parece que tenho que subir montanhas para conseguir um beijo, fazer cara de doce para conseguir um abraço, mover mil neorônios para conseguir uma resposta. Pois é, eu faço escolhas dificeis e esse é mais um dia de ensaio do espetáculo do meu coração. É lindo, tudo lindo. Sei que ele vai chegar com uma cena linda, amarrada numa música que ele mesmo criou. Sei que haverão imagens lindas do começo ao fim, todas executadas com tranquilidade e segurança de mestre. Ao final de cada ensaio, beberemos Brahma, com a conta dividida. Não dá mais, daqui a pouco estamos estreando. Não vamos nos apegar em nomenclaturas, exercícios rasos. O tempo passa rápido né? Se as coisas fossem fáceis não teriam a menor graça. Eu aprendi a transformar. Se não dá pra ser, eu transformo. Só não quero ter que trocar o protagonista agora. Foram alguns anos trabalhando nisso. Sabe, como é. Ele chegou tomando conta do espaço, roubou a cena. Talvez tenha sido só mais alguma coisa que ele andou levando consigo sorrateiramente, como aquele livro. E quando é assim, desculpa, não dá. Não dou, não empresto, não troco o meu protagonista. Não desisto. E não adianta insistir. Eu não estou aberta para negociações.

(Este texto foi escrito dia 19 de julho de 2009 e o título original era "partindo ainda daquela improvisação" escrevi depois de um dia de improviso livre que fizemos. Este blog na verdade, também conta com textos que eu já havia publicado em outros blogs. Estou fazendo isso para arquivar tudo que eu acho razoável em um lugar só. Fazia muito tempo que eu não relia este texto, hoje eu pensei: Eita, eu escrevi isso?)

Cacofônico

Pensei que fosse chorar. O dia começou magoado e acho que não vai melhorar.
Alguma coisa de dentro de mim morreu hoje e essa coisa se chamava esperança.
Ela morava ao lado do orgulho dentro do coração. A solidão passou aqui e a levou para longe, muito longe.
O resto que ficou era o silêncio. Depois daquilo só o silêncio nos tiraria dali. Eu queria dormir e só acordar depois de muito tempo.
Copos de vidro sendo quebrados como o meu coração, agora em pedaços espalhados pelo chão de piso frio de um boteco de esquina qualquer.

(Este texto era dois mas deixei que ele fosse um só, como eu: só)

domingo, 15 de abril de 2012

Noite feliz

O aniversário chegou mais cedo neste ano. Ganhou uma caixa de livros dela, a moça da caixa de livros. Uma caixa cheia deles.
- Vem aqui no carro, você pode escolher quais livros você quer levar.
Livros são como animais e pessoas disponíveis na adoção. É doloroso não poder escolher todos, contudo, desta vez podia.
Sem ação disse um "ahh?" e lá estava a caixa, organizada com os livros empilhados.
Meio descrente observou enquanto eles mexiam nos livros. Um deles havia uma dedicatória.
- Olha, este aqui tem uma dedicatória, você não vai pegar de volta?
- Este? Não, ela não é mais minha amiga, pode levar.
Sentiu uma tristeza horrível ao escutar isso. Alguém teve a oportunidade de estar ali, naquele coração e não estava mais.
Por outro lado, uma caixa de livros anunciava uma porta aberta, se alguém estivera ali e não estava mais, havia espaço livre, portanto.
Disse um obrigada provavelmente vazio diante de uma caixa de livros, um gesto tão generoso.
Chegou em casa e depositou a caixa no piso de madeira. Sentada com as pernas em volta da caixa pegou um por um dos livros como em uma manhã de natal em que se acredita que o Papai Noel esteve ali deixando um presente maravilhoso debaixo do pinheirinho cheio de bolas e anjos pudicos com harpas, pisca-pisca com defeito e cheiro de mato.
Um Cesário Verde chamou a atenção. Cheio de anotações dentro de suas páginas guardando memórias de um aprendizado.
Sobre isso, ela, a moça da caixa de livros, já havia comentado anteriormente em outra ocasião:
- Os textos estão anotados assim porque é livro de professor, vocês sabem!
Sabia. Anotações feitas por uma letra agora já familiar. Outrora brincou de analisar grifo por grifo de uma xerox. O texto deveria estar demasiadamente chato, mas agora as coisas seriam diferentes, depois de uma caixa de livros seu problema de concentração com certeza seria curado.
Folheou o Cesário Verde, tão cânone, tão distante. Ranz disse uma vez que quando alguém trazia algo de sua casa, este algo vinha com o cheiro da casa de origem.
Pandora reconheceu o cheiro dos gatos, visto que não queria sair da caixa de forma alguma.
E o Camões guardava dentro de si um fio de cabelo dela. Deixou ali.Encantada com o presente, a caixa de livros, pensou que algumas pessoas é que são um presente. Um presente muito grande.

sábado, 14 de abril de 2012

Outra esfera

Se teatro é a arte do encontro, dá para dizer que eu encontrei e desencontrei muitas pessoas.
Dentre estas pessoas, está a Laura. Laura era produtora do TUSP de Piracicaba.
Foi uma das experiências mais felizes para mim e para o meu grupo. Era um projeto de circulação pelos TUSP (teatro da usp) do interior.
Levamos a peça "Dias de Campo Belo", cuja operação de luz era feita por mim. Não ganhamos nenhum dinheiro por isso, contudo, havia a Laura e tudo de legal que ela arrumou pra gente em Pirassununga e Piracicaba.
No primeiro dia ficamos no alojamento da USP de Pirassununga e dividi o quarto com ela. De todas as vezes em que tive que dividir quarto com alguém em alguma viagem teatral esta foi a melhor.
Laura era um doce, sempre disposta a nos ajudar e dividir conosco suas experiências. Laura era a mãe da Selene, uma menina muito fofa que não podia pintar as unhas das mãos porque estudava em um colégio que era contra a massificação.
Laura foi minha mãe por três dias, a prepa como os meninos e eu gostávamos de chamar. Laura nos apresentou pesssoas incríveis, arrumou um restaurante com uma comida muito gostosa e dois técnicos de luz maravilhosos que eu adorei fazer parceria.
Laura aqueceu meu coração e me deixou feliz por ser do teatro - sim, há pessoas legais no teatro.
Quando fomos embora com o coração apertado, dissemos que voltaríamos. Nunca pude voltar.
A última notícia de Laura que recebi foi que a Laura pegou a rodovia dos bandeirantes e foi fazer saudade.
O palco daqui ficou mais vazio mas imagino que onde você estiver, Laura, há muita luz sobre você.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tardes magoadas

Um sentimento há muito tempo existente ali dentro. Da época em que os pais bebiam cerveja o suficiente para capotarem nos sofás depois do almoço. Nessa época tinha os brinquedos e depois os livros. Depois dos livros, nada mais importava. A sensação de solidão que escorregava para dentro de casa, via batente da porta, permeando o ar de forma gélida, como em uma música do Pink Floyd. O jeito era ocupar-se todo fim de tarde, portanto. Quando as ocupações iam embora era difícil decidir o que fazer. Outro livro? um filme? O vazio, um vazio que jamais conseguiria preencher. A mágoa não era uma doença apenas do crepúsulo, não, mas das manhãs também, manhãs magoadas. Gostava da noite. A noite era escura, impossibilitando o enxergar. Enxergar todas as mágoas que moravam dentro de si.

Pensava em muitas coisas, seus pensamentos lhe sufocavam mais a cada dia.
Tentava em não pensar em nada e se concentrar apenas nos romances que lia, nos momentos de insônia, nos momentos de agústia.
Fora na Ópera no fim de semana anterior e pensou que finalmente tudo pudesse ficar bem.
Enganou-se novamente.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

“Ta difícil ser eu sem reclamar de tudo”

Essa história de oposição começou cedo na família Guanaes que residia naquela época, um sobradinho de aluguel numa rua de paralelepípedos da Vila Medeiros, que outrora, fora uma fazenda, guardando o seu quê de província, o que depois viria a ser um problema para a protagonista deste texto que na verdade, eu, a autora, não sei bem como terminar.
Nasceu no inverno de 1990 mesma época de sua mãe, muitas vezes escutou “Depois de você ninguém mais lembrou-se do meu aniversário!”. Canceriana com ascendente em leão, algo muito controverso, tendo em vista que a criança era tímida e extrovertida ao mesmo tempo. Era menina mas gostava de azul. Lutou pelo direito ao azul desde a época dos brinquedos de montar feitos de plásticos que ao serem pisados doíam o pé. Pediu muitas vezes um skate no dia das crianças, usava o chinelo do Senninnha que apenas os meninos tinham. Usava boné para trás e bermudão. Odiava cabelo solto. Aquele carrinho de controle remoto que nunca veio. Depois de muito tempo, o pai abriu mão de sua companhia na missa. Ela dormia enquanto o padre falava, sentada no primeiro banco, chegando até a babar.
- Como assim, largar o ballet? Depois de tantos anos?
- Meu negócio é o teatro, oras.
Os caras mais velhos, sete anos mais velho no mínimo e não se fala mais nisso. Decididamente, matemática não. Se for para continuar na escola estudando isso, eu prefiro morrer!
Líder negativa aos 17, chamada na coordenação. Acusação: Dizia não querer fazer as lições e todo mundo deixava de fazer também. Estudou na mesma escola durante 15 anos de sua existência, todo mundo te conhece e você não tem tantos amigos. – Tenho critério em minhas escolhas – foi o que ela disse.
No cursinho essa parte aflorou mais. Amiga do cervejeiro, do evangélico que virou cervejeiro, do outro que também virou cervejeiro e das sapas. Aula de redação, o caralho. Cerveja e bilhar.
- Como assim francês na faculdade? Mas você nem sabe inglês...
3ª chamada. Nossa você vai estudar aqui? E trabalhar? Largar o teatro? Vender xerox com o namorado. E ele precisa morar aqui por um mês, tudo certo? Cama de solteira para dois, escrivaninha para dois, 2 aos 20. Depois, mudança para perto do metrô, finalmente.
Energético no café da manhã, banho frio, unhas azuis roídas, rocknroll, blues.
Ansiosa, nervosa, estressada. – Eu achava você marrenta antes de te conhecer, depois vi que você era uma fofa.
Cigarros sim, mas mentolados, cravados e sem tragar, odeia cheiro de cigarro.
Sempre se lembra da professora de artes dizendo – Estou falando isso, porque gosto de você, você sabe que eu gosto de você, mas você vai sofrer muito porque fica dando a sua opinião!
Ela sofre muito, mas esses roxos e cicatrizes não importam. “Pelega” é uma palavra pouca perto de tudo que já aconteceu em 21 anos.

Expressão

Embalada pela música de som rouco que vem do rádio, gosta disso, fica com a impressão de que não está sozinha. Ela movimenta o corpo no ritmo. Seus pés em carne viva, suas pernas retorcidas, seus pensamentos atrofiados. Dançando toda noite, a guardaria em uma caixa de música, dos meus delírios, uma bailarina sem cabeça.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Lição de casa.

Para Raquel

Não uso o coração. Sim, é o meu coração que me usa. Pois é, o próprio.
Tem a mim como sua fachada, sua portinha com fechadura redonda, com o tapete estirado abaixo do rodapé. Vez ou outra ele admite:
- É ela. A minha humana.
Outrora conversamos:
- O dia está horrível.
Ele emite um sinal. Sinto que é hora de tomar uma água, um ar.
Correr na esteira, carinho na Pandora, ler, escrever, assistir uma aula de Literatura Portuguesa, trabalhar, fazer as unhas, roer estas unhas, tomar um café, fumar cigarros, transar, dormir, acordar, tudo.
É ele que manda em tudo. Não raro eu penso:
- Escutar aquelas palavras aqueceu meu coração.
Ou:
- Comer aqueles chocolates deixou o meu coração bem mais feliz e sorridente.
É tudo coisa dele. Ele que bate, eu apanho.
As coisas tem que ser assim. Se eu desapontar meu coração, ele pára e nunca mais volta a bater.


(Este texto escrevi durante a aula de Literatura Portuguesa, lemos um poema do Pessoa, chamado "isto" e ele diz que não usa o coração. Eu disse que é o meu coração que me usa e a professora disse - ÉEE, escreve sobre isso depois. Mas ela não sabe que eu escrevo, claro.)