segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Stray Cat

Tem dias em que eu torço para que tudo acabe logo.
A única coisa que eu quero é que hoje seja melhor que ontem.
Eu só quero que hoje termine bem para que eu pense que o dia de alguma forma melhorou.
Eu tenho algumas moedas na carteira e tudo bem, porque meu pescoço mantém minha cabeça presa e o meu olhar continua seguindo para frente.
E tudo bem se eu estou com fome e só vou comer daqui a quatro horas, tá tudo bem.
Eu vou acender o meu cigarro e me sentir menos sozinha, eu vou parecer distraída agora e ninguém vai me notar.
Gosto quando a fumaça sai distraidamente sem esforço algum fazendo um desenho no ar e dispersando-se no vento.
Eu fumo um, eu fumo dois, eu fumo dois e três em uns dez minutos. E o vento me bate na cara e sinto uma nostalgia e eu só queria que tudo ficasse bem.
Eu só queria conseguir concluir todas as minhas tarefas, eu só queria me sentir menos insegura, eu só queria uma caralhada de coisas.
E em dez minutos que estou aqui, fingindo pensamentos vazios, duas pessoas já vieram me pedir um isqueiro emprestado.
Que tipo de fumante vocês são, que não tem um isqueiro? Sou fumante de dias pobres e carrego comigo um isqueiro.
Sempre quando acendo o cigarro jogo o isqueiro na mochila e depois ele some. Às vezes tenho vontade de sumir junto com ele.
Aprendi a baforar o gás, aprendi a bater a cinza de forma menos ansiosa. Aprendi que o café me traz o mesmo gosto do cigarro.
E eu sempre quero escovar os dentes depois do cigarro. Mas hoje não tem escova, hoje não tem pasta de dente. Mas tá tudo bem.
Eu comi aquela pizza de barraquinha, aquele suco barato e aquele chocolate com gosto de infância e parecia que ia ficar tudo bem.
Alguém vai me dar uma carona. Talvez esse alguém, tente abusar de mim durante essa carona.
Mas vai ficar tudo bem.
Aquele dia eu te fiz prometer que não iria me sequestrar. E você disse que não o faria, nem roubaria meus rins.
Talvez eu fosse só mais um cigarro, daqueles que a gente fuma delicadamente e mesmo assim acaba quando chega no filtro.
Sequestrasse, levasse um rim, mas deixasse esse pedaço do meu coração que ficou com você.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E tudo ficou mais vazio.

“Foi morar com o papai do céu” - era o que ela costumava me dizer.
Foi como minha mãe me explicou que um dia as pessoas vão embora para sempre, foi o jeito mais poético de me fazer entender que havia pessoas da minha família que eu não conheci e nem iria conhecer. Foi o jeito de justificar o fato de eu nunca mais poder ver os Mamonas Assassinas tocando ao vivo na tv e nem em nenhum outro lugar.
Minha primeira questão de ordem prática com a morte além de querer saber o que era morte e aonde as pessoas iam parar depois disso, foi querer entender o porquê da morte.

Quando eu não queria dividir minhas coisas, minha vó me chamava de egoísta. E eu sabia o que significava essa palavra, mais do que a palavra morte.

”Mãe, o papai do céu é egoísta? Por que ele quer tantas pessoas morando com ele?”.

Mas essa pergunta ela nunca me explicou o porquê, sabe.

E hoje o dia acordou tão cinzento que eu acho que ele não vai melhorar não...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um oi e um sorriso.

Pode entrar. Fique a vontade, a casa é tua.

Aqui em cima você pode ver algumas das republicações dos meus textos, os textos que eu gosto mais.
E ali, você pode encontrar um pouco (bem pouco!) sobre mim e também tem uma foto minha. Eu sou assim.

Desculpe-me por não ter um café para te oferecer, é que eu não esperava a tua visita.
Mas pode abrir a geladeira e procurar algo que te agrade.

Pode convidar os amigos para me visitar também, se você quiser. Sempre cabe mais um não é?

E não precisa tirar os sapatos. O tapete é sujo assim mesmo, mas a sua opinião será sempre bem vinda.