“Foi morar com o papai do céu” - era o que ela costumava me dizer.
Foi como minha mãe me explicou que um dia as pessoas vão embora para sempre, foi o jeito mais poético de me fazer entender que havia pessoas da minha família que eu não conheci e nem iria conhecer. Foi o jeito de justificar o fato de eu nunca mais poder ver os Mamonas Assassinas tocando ao vivo na tv e nem em nenhum outro lugar.
Minha primeira questão de ordem prática com a morte além de querer saber o que era morte e aonde as pessoas iam parar depois disso, foi querer entender o porquê da morte.
Quando eu não queria dividir minhas coisas, minha vó me chamava de egoísta. E eu sabia o que significava essa palavra, mais do que a palavra morte.
”Mãe, o papai do céu é egoísta? Por que ele quer tantas pessoas morando com ele?”.
Mas essa pergunta ela nunca me explicou o porquê, sabe.
E hoje o dia acordou tão cinzento que eu acho que ele não vai melhorar não...
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