- Mãe, ele me seguiu até aqui. Posso ficar com ele?
Pensou que a mãe diria:
- É mesmo? Mas você mora tão longe, como você diz, tão afastada da civilização. Como ele conseguiu te seguir até aqui?
No entanto, a mãe respondeu:
- Ok, pode convidá-lo para entrar. Mas quem vai cuidar é você, entendeu? Quem vai dar comida, é você, dar banho, é você, levar pra passear, é você. E você que vai limpar a sujeira!
Imediatamente afastou os móveis e deixou para o novo membro de sua vida um espaço.
Ela disse:
- Vou te chamar de Rex!
E ele fez cara de interrogação.
- Oras, mas rex é tão bonito....rex, hei rex, rex vem buscar o teu jantar!
Ele abanava o rabo e sabia muito bem como ganhar uma recompensa.
Pensou que não era necessário uma coleira. Alguém poderia encontrá-lo na rua. E qualquer pessoa seria capaz de dizer:
- Sei quem tá cuidando de você, é evidente. Acho melhor você voltar pra casa, daqui a pouco vai chover!
E ele tomaria chuva na cabeça e ficaria pensando, em tudo que já estragou, tudo que já sujou e aquilo deixaria a chuva escorrendo nos pêlos de sua cabeça de forma mais triste.
Triste porque preferia não dar trabalho algum, embora fosse bom ser cuidado por alguém com tanto carinho e compreensão.
Havia um tapete seco no batente da porta. E ela o esperava com uma toalha felpuda em mãos para poder enxugá-lo. Agora já sabia como enxugar.
No final das contas, depois de tanto tempo, era necessário alguém para ela cuidar nas noites de chuva.
E de frio.
E de calor também.
Em todas as noites, era o que ela pensava.
Sempre haveria espaço, todo o espaço.
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