segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

NÃO É SÓ UM TAPINHA NA BUNDA

Primeiro gostaria de iniciar este texto dizendo que visto a minha experiência de vida, consigo reconhecer um "tapinha na bunda" sem dificuldades. Quer dizer, quando um professor pergunta alguma coisa na aula, até dá para se confundir e não saber realmente a resposta. Mas um "tapinha na bunda" não dá pra confundir.
Hoje eu estava embarcando na plataforma da Sé, sentido Corinthians-Itaquera para mais um dia de trabalho. As portas do vagão abriram-se e eu com óculos de sol e fone de ouvido na transmissão de um AC/DC, senti um tapinha no lado direito da bunda. Sim, foi um tapinha na bunda. Daqueles em que a mão está virada, meio de lado com os dedos para baixo numas de fazer um dos lados da bunda subir, manja?
Eu fiquei furiosa. Eu fiquei furiosa por mim e por todo mundo que passa por isso. Que aliás, acontece no transporte coletivo com bastante frequência. Mas além de furiosa, senti que o tapinha na bunda foi o marco do fim da minha paciência.
Olhei para trás e não foi preciso pensar muito para sacar quem havia sido o cuzão autor do tapinha. Por quê? Oras, porque ele estava com aquele sorriso boçal e ao ouvir o meu "puta que pariu" (um pouco acima do meu tom de voz que já é alto), o cara ainda sorrindo me pediu desculpas e disse que tinha sido sem querer. "Desculpa, o cacete. Ninguém dá tapa na bunda sem querer". Todos naquela região do metrô já estavam prestando atenção na cena. E o cuzão, desta vez sem o sorriso disse que foi porque o cara de trás estava empurrando. "O cara te empurra e você bate na minha bunda por causa disso? Finjo que acredito.". Me senti insultada pela segunda vez por essa desculpinha tão imbecil. E a minha vontade era devolver o tapinha em dobro, só que na cara. Bom, este diálogo aconteceu entre a Sé e a estação Pedro II. Até então eu estava bem atrás do cara encostada na parede do vagão. Visivelmente ele se sentiu exposto e não disse mais nada. Alguém levantou de um banco e eu sentei atrás dele, de braços cruzados eu o encarava e percebi que ele podia ver o meu reflexo através da janela do vagão. Brás. Bresser. Senti que ele se aproximava da porta para sair. Ele desceu na mesma estação que eu. E eu achei ótimo. Troquei meu caminho de costume e segui o cara até onde deu. Na escada rolante, no corredor da estação e na rampa que nos leva até a rua. Antes de cruzar a rampa, ele olhou para trás e me viu. Aqui ficou claro pela terceira vez que se tratava de um grande cuzão mesmo. Ele me viu e apertou o passo. Chegou antes na calçada e estrategicamente parou atrás de uma coluna, fugindo da minha vista e se escondendo. Mas eu precisava ir para o trabalho, por isso, este episódio termina aqui.

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