domingo, 12 de abril de 2015

ser de verdade

Quando criança eu acreditava em muitas coisas. Eu acreditava no papai noel e no coelho da páscoa. Eu acreditava que o Castelo Rá-Tim-Bum existia. Eu acreditava no homem no saco, no papai do céu. E se alguém me contasse que quando se cava um buraco muito fundo se pode chegar no Japão....eu provavelmente acreditaria nisso. Mas não na poesia. Não na imitação da natureza, não na arte. Minhas experiências no teatro quando criança foram muito frustrantes porque eu sempre dizia para mim mesma: Não é de verdade. E não me interessava um índio ou uma onça que não fossem de verdade. Eu não entendia o pacto estabelecido pela arte, a imitação da natureza proposta pela arte. Se quando eu fosse criança tivessem me contado a história do Platão que quis expulsar os poetas da república...certamente eu teria achado o máximo. Se tivessem explicado as coisas que o Aristóteles disse sobre a imitação...que a graça da arte é essa, talvez eu tivesse achado o teatro o máximo, desde o início.
Mas isso importa pouco. Ontem eu estava no Museu Marítimo lá em Santos e umas crianças entraram correndo perguntando se todos aqueles objetos do Museu eram de verdade e eu senti saudade, não daqueles objetos velhos do Museu, mas da minha ingenuidade quando criança. Era ótimo não saber de nada.

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