quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E não precisa abaixar a tampa do vaso.

É bem verdade, essa história de permissão. Perguntei se queria entrar e ofereci um café apenas por educação e agora você está aqui, folheado algum dos meus livros, escutando um dos meus cds que você mesmo colocou no rádio pra tocar. Daqui a pouco você vai sentar no sofá com as pernas abertas, as suas coxas apertadas dentro de um bermudão qualquer, e a sua barriga descansará em cima da braguilha e os seus chinelos estarão no tapete e daqui a pouco o cachorro vai pegar e levar para qualquer canto da casa, como num filme. Você irá abrir uma lata de cerveja e arrotar na minha frente e agora você nem pede mais desculpas, ora essa, santa intimidade! E eu não vou falar nada, porque eu nunca soube arrotar e você foi o único que sentou ao meu lado e me ensinou mesmo que achasse isso feio e tudo bem que é feio, esqueci minhas calcinhas penduradas no boxe ontem pela manhã e mesmo assim, acordamos e transamos e tinha o café, o nosso café, o café que você fez, e tinha tudo e tudo isso só porque um dia deixei você entrar sem pedir e você acabou ficando e ficando e tudo bem, é assim mesmo.

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