sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sobre a maturidade.


Eu já fui uma grande revolucionária, também. Minha mãe trocava a minha fralda, trazia o tetê, ligava a tv no desenho e quando algo não estava bom eu reivindicava aos berros mais chocolate no toddynho. Mais tarde, eu pedia paralisação imediata, esse era o meu único instrumento de luta, então, eu abria a porta e gritava: - Pronto, mãaaae!. E aí ela vinha me limpar. Quando ela não aceitava minhas condições de revolução, eu fazia piquete: Espalhava todos meus brinquedos pela casa. E eu ficava bravinha quando ela pedia (não tão gentilmente) para que eu guardasse tudo. Eu também gritava, batia as portas e fazia minha liberdade de expressão na parede. Se trancou no quarto com o papai? Eu chuto a porta e ocupo.
Não gostava da escola, fazia birra e batia o pé. Eu dormia nas aulas, a mensalidade era eles que pagavam afinal de contas.
Meus professores eram todos uns assalariados, burgueses, neoliberais e pós modernos.

Hoje em dia fazer a revolução tornou-se difícil: Tenho que pagar por todas as revoluções feitas por mim.

(Achei este texto perdido na área de trabalho do computador, não ia publicar porque ele é muito diferente dos outros textos deste blog e acho até que destoa um pouco. Contudo, um dia, vou separar os textos em páginas, dividindo-os por gêneros e assuntos, então, a diversidade também é bem-vinda.)

Um comentário:

  1. Seus textos continuam, como sempre, bons e cada vez melhores. Continue escrevendo, o mundo precisa de talento.

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