sexta-feira, 17 de julho de 2015

Eu estava sentada em uma mesa retangular de pernas cruzadas e na minha frente havia muitos adolescentes. Eu perguntava quem já havia prestado vestibular, quem queria um curso de exatas, biológicas ou humanas - este último me causou uma certa pontada no estômago. Uma amiga me ligou e me chamou pra dar um rolê, eu disse que não podia porque estava dando aula. Então, aquela situação era uma aula. Aqueles adolescentes eram alunos e eu...professora. Eles pediam para eu falar maisalto e eu achava isso estranho porque sei que normalmente meu tom de voz é alto. Então, eu pensava: Não estou sendo ouvida, tem alguma coisa me silenciando - enquanto tentava aumentar meu tom de voz e projetar até os meninos da última fileira. Mas era inútil. Era como um daqueles sonhos que você tenta gritar "mãe!, mãe!" mas a sua voz não sai, sabe? Eu sentia meu corpo doendo. Ele me acordou e ao abrir os olhos lembrei desta sensação de agressão. E da voz que é silenciada. Eu lembrei das coisas que estão acontecendo e me senti um pouco mais fraca e com dor nas costas do que de costume.

Estou muito nervosa com tudo isso que rolou no Paraná e desesperançosa porque não é a primeira vez que alguma coisa desse tipo acontece e tudo fica de boa. Eu lembrei que estou matriculada num curso de licenciatura e agora estou me questionando, eu tenho coragem para ser professora e viver o sistema educacional deste país?

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