sexta-feira, 17 de julho de 2015

O sistema estava demorando para funcionar e o empréstimo demorando mais do que o previsto. O cara perguntou se ela era bibliotecária e ela disse que não, disse que faz letras. Ele perguntou que língua ela estudava no curso de letras e ela respondeu honestamente, inocentemente, naquele tom de quem responde bom dia no elevador porque é obrigada: espanhol.
E aí o cara achou que era muito bacana cantar a moça no ambiente de trabalho dela e mandou a cantada mais clichê que poderia existir:
- Espanhol é a língua mais sexy. Adoro mulheres que falam espanhol.
E ela que até pensava a mesma coisa achou o cara um imbecil predador por manifestar isso desnecessariamente e imaginou que legal seria ter essa liberdade de fazer e manifestar o que quer que esse cara achava que tinha. Daria para pegar a cabeça dele e quebrar toda a arcada dentária do cara naquele balcão. Seria ótimo mesmo.
Mas a vida é assim: algumas pessoas tem (acham que tem) a liberdade de dizer e fazer o que querem, invadir o espaço alheio, sabe. Outras não.

E mais sexy que o espanhol só o silêncio, né? Essa capacidade rara que muitas pessoas ainda não conseguiram desenvolver para evitar falar merda e agir de forma mais humana, menos animal.

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