Quando adolescente fiquei com um
carinha. Eu gostava dele mas ele, acho que não gostava tanto de mim. Ele disse
que a vida era uma partida de futebol, que as coisas tinham um fim. Então
depois um mês já éramos apenas um contato de msn um do outro e muito tempo
depois ele me chamou para ir num rolê. Mas dois anos já haviam passado, eu já
havia avançado nas minhas leituras, conhecia outras pessoas, outros carinhas.
Mas eu aceitei o convite do carinha para ir num show de uma banda que eu já tinha gostado. Um daqueles dias em que não
há nada melhor para fazer. E lá no show, espremida no meio da multidão com esse
carinha que eu tinha gostado uns dois anos antes, vendo essa banda que eu
também já não gostava tanto há um tempo, percebi o meu grande erro e pensei:
algumas coisas do passado, é melhor que fiquem no passado pra não ficar pior.
Dois anos fazem muita diferença, não tinha nada a ver estar ali, eu afinal de
contas, já havia passado da idade de gostar daquele cara e daquela banda. Então
como uma Cinderela que tem que voltar pra casa, eu disse que precisava ir
embora! Porque naquela época, tinha uma coisa que eu já não era: obrigada!
Naquela virada cultural subi as escadas do metrô anhangabaú e lá na parte de
cima do metrô dei sequencia ao meu rolê, que ficou muito melhor porque eu havia
enterrado o carinha e acabei encontrando por acaso alguns amigos na famigerada
praça do piano.
O msn caiu em desuso e nunca mais
fiquei sabendo do tal carinha.
Ontem pela manhã eu estava
no busão e o carinha apareceu, acho que nem me viu ou reconheceu. Que bom!
E eu pensei que se a vida é
uma partida de futebol que bom que é isso de ter um fim porque pensando bem
esse cara é tipo o Brasil naquela partida da copa em que a Alemanha ganhou de
7x1: quando a gente acha que não dá pra piorar, piora e a gente lembra e sente
vergonha.
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