sexta-feira, 30 de março de 2012

Todas as cartas de amor são ridículas.

(Título provisório e intertextual)

Aqui, da época de moleque eu me lembro de uma menina. Aquela menina. Da escola, você sabe.
Aquela das festinhas com poesias, salgadinhos e tudo mais. Poxa, aquela da bolsa verde, como assim você não lembra?
Cara, ela andava sempre com a aquela bolsa verde. A baixinha....éeeeeee, é ela mesmo! Eu lembro dela....
Heim? Que pessoa? Quem? Fernando Pessoa? Ah, é verdade... ela gostava dele. Nessa época, na época dela, eu tinha um sonho e era tocar violão.
Eu sei, nessa época eu já tocava violão. Eu já era transtornado, eu escutava Jim e Janis e me perguntava quem eu era, qual a minha função no mundo.
Eu queria que a minha função fosse tocar violão porque ela cantava e cantava muito bem. Sonoramente doce, demais da conta. Olha, eu sempre tinha a impressão de que ao cantar ela olhava um bucadim pra mim.
Não sei, ela era uma menina discreta, embora chamasse muita atenção.
Um dia pedi para uma amiga que entregasse uma carta para ela. Era uma carta simples, era assim - Oi, você quer ser da minha banda?
Mas ela nunca respondeu. Cara, devia ser por causa desse Fernando aí que você falou...


2 comentários:

  1. Muito, mas muito bom. Cada vez mais refinada, cada vez demonstrando um estilo mais próprio. Adorei.

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  2. Mesmo? Pensei em mudar algumas coisas no texto. Viu como instaurei o narrador masculino? Quebrei a cabeça um pouco pensando nesta parte.

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